A minha língua materna é o português e como tal o meu percurso linguístico começou no dia em que eu disse a primeira palavra, “vóvó”. Esta palavra é o diminutivo de avó. É a partir deste momento que eu começei a minha viagem pelo mundo das línguas, mundo esse que ainda é, em grande parte, desconhecido para mim.
A aprendizagem do português passou pelo contacto com a sociedade e com os meus pais, família e amigos. O conhecimento desta língua passou mais pelo convívio entre pessoas do que em aulas propriamente ditas, uma vez que antes mesmo de eu entrar na escola, já sabia expressar todos os desejos e necessidades. No entanto o ensino obrigatório, que em Portugal começa no 1º ano e acaba no 12º ano, influenciou a minha maneira de falar, escrever e entender o português. Com toda esta aprendizagem é notável que o português é a minha língua materna, não só por ser a língua da país onde eu nasci, mas sim porque consigo dominá-lo verbalmente e por escrito.
O português é falado em todos os continentes, na Europa é falado em Portugal, em África é falado em Cabo Verde, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Angola, na Ásia é falado em Macau e Timor Leste e por fim, no continente Americano é falado no Brasil. Apesar destes países terem como línguas oficiais ou segundas línguas o português, às vezes torna-se difícil algumas interpretações, uma vez que o distanciamento provoca alterações tanto na fonética como na escrita. Apesar disso, consigo afirmar que compreendo, na maioria, todas estas línguas derivadas do português.
O primeiro contacto com uma língua estrangeira foi com inglês, quando inicei os estudos do 5º ano de escolaridade. No início este novo idioma era completamente estranho para mim, mas depois, com a continuação dos estudos, tornou-se mecânico.
Apesar deste tempo todo de desenvolvimente do inglês, não posso dizer que é perfeito, mas dá para comunicar e ser entendida quase na perfeição.
A minha primeira experiência a sério com esta língua foi quando fui a Londres inserida num programa escolar. Fiquei alojada durante uma semana na casa de uma família de acolhimento e vi-me face a um novo desafio, apenas falar inglês com aquelas pessoas, uma vez que elas não sabiam falar outra língua. A prova foi superadauma vez que todos nos entendemos e foi uma semana incrível que eu nunca mais esquecerei.
Agora que cheguei aqui a Barcelona percebi que o inglês me ia acompanhar mais cinco meses porque a minha companheira de habitação é da República Checa e não percebe nem português nem espanhol, o que significa que o treino linguístico da minha segunda língua vai continuar.
Por motivos geográficos, desde cedo estive em contacto com o castelhano. Apesar desta pequena ligação, esta língua ainda não me é totalmente domidada. Consigo entender melhor do que falar, mas isto passa pela proximidade do castelhano com o português, sendo fácil o diálogo de duas pessoas destes países. No entanto isto nem sempre acontece. Tive que fazer uma apresentação em castelhano na faculdade a explicar a teoria de um autor sobre o processo de neolitização, já agora, estudo arqueologia, e durante a mesma repeti por inúmeras vezes a palavra “acredita” que em castelhano não existe. Apesar de eu dar a melhor entoação possível quando dizia esta palavra, a cara do professor e dos meus colegas enrugavam-se numa expressão de dúvida. No final da minha exposição do trabalho o professor perguntou-me, “Ana, acredita és lo mesmo que defende?” só aí é que eu percebi que apesar destas duas línguas terem raízem comuns mas nem toda a gramática é a mesma.
No que respeita ao castelhano, o meu está inserido na lista de línguas faladas e percebidas com alguma facilidade. Neste conjunto também se encontra o francês, uma vez que durante três anos o aprendi na escola. Actualmente está um pouco “enferrojado”, mas acredito que nesta minha estadia aqui em Barcelona irei conhecer colegas que estão igualmente de erasmus e que venham de países onde a língua oficial é o francês, ajudando-me a relembrá-lo.
Por fim vem o catalão, para mim ainda é um pouco complicado quando é falado muito rápido. Todas as minhas aulas na UAB são em catalão e, no geral, não encontro dificuldades em compreender o que os professores dizem, quanto à parte de me expressar, essa já é complicada. Não conheço muitas palavras em catalão, por isso é que ainda é um desafio falar este novo idioma.
Acho que ao longo da minha vida ainda vou aprender mais línguas, uma vez que as orientais são absolutamente desconhecidas para mim. A necessidade de expressão está sempre associada ao Homem, não apenas como meio de comunicação, mas como meio de expressão e de descoberta de novas culturas. Acho que todas as línguas devem ser conservadas e, acima de tudo, faladas, para compreendermos a diversidade cultural/linguística existente à face da terra.